terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

LAVAPÉS na FOLHA DE SÃO PAULO de 14/02/2012

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1048397-escola-de-samba-mais-antiga-de-sp-pode-acabar-por-falta-de-verba.shtml

Escola de samba mais antiga de SP pode acabar por falta de verba

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EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

A madrugada de domingo de Carnaval poderá ser decisiva para a história do samba paulista. Na Vila Esperança, zona leste, ocorre o desfile do grupo 4, organizado pela União das Escolas de Samba.


Longe dos holofotes, a Lavapés, da Baixada do Glicério, no centro, vai para o tudo ou nada. Praticamente, ela luta pela sua sobrevivência.
Aos 75 anos, a escola de samba mais antiga em atividade no Estado não conta com nenhum patrocínio importante. Desde os anos 1970 ela está fora da elite. Seus dirigentes adiantam: se não subir, a escola pode acabar.
No ano passado, mais um passo em direção ao "ao fundo do poço". Rebaixada ao grupo quatro, o último do carnaval paulista, a agremiação não recebe mais o cachê público para desfilar na cidade.
"Não trabalho com a hipótese de não conseguir subir. No grupo três, o cachê é de R$ 60 mil aproximadamente, o que já ajuda bastante a fazer o desfile", diz Rosimeire Marcondes, atual presidente.

 Bateria da escola de samba Lavapés em desfile de 1970/ Hoje, ensaio acontece em rua da zona leste.


'AGUERRIDOS'
Para este ano, conta ainda a neta fundadora da escola, está tudo pronto. Não há quadra, mas o barracão da escola funciona na casa da presidente. "Temos uma comunidade aguerrida", afirma.
Mesmo sem querer falar sobre o próximo ano, caso a escola fique no quarto grupo, Marcondes admite: "Se não subirmos será muito difícil [fazer o carnaval de 2013]".
Entre grupos ligados à história do carnaval paulistano existem conversas para que a tradição da Lavapés seja mantida a qualquer custo, como uma forma de resistência, mesmo que o acesso ao grupo três não ocorra.
O tema da escola neste ano é atual: "Terra, um presente para preservar", que fala sobre as questões ambientais.
Um das estrofes do refrão do samba-enredo serve bem para ilustrar o momento atual: "É hora de refletir/nossa existência não pode se acabar".

MADRINHA EUNICE
A Lavapés cantará o "ambiente" no domingo. Mas a história toda começa em 1937, graças à decisão inusitada de uma mulher. Deolinda Madre resolveu criar uma escola de samba e não um bloco ou cordão, como era mais comum.
Até os anos 1960, ao lado de Vai-Vai e Peruche, a escola centraliza as atenções. Ganhou 19 vezes o campeonato.
A madrinha, uma negra pobre que vendia limões, morreu aos 87 anos em 1997. Ela está na lista dos cinco baluartes do samba paulista.

Um comentário:

  1. Hoje estou com 75 anos e me emocionei ao ler a situação da escola que no ano de 1964 eu desfilei, se não me engano ficamos com o segundo lugar; sinto imensamente o que esta acontecendo. Foi uma única vez que desfile e sinto saudades grande demais desse ano, Minha fantasia foi uma sereia representando a iemanjá, o tema da escola orixás do candomblé..clau saudosa

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